A partir de novembro, Itapoá pode receber uma das maiores obras costeiras do país. A intervenção prevê a dragagem do canal externo da Baía da Babitonga, ou seja, a retirada de sedimentos como areia e lama acumulados no fundo do mar. Esse material será reaproveitado para o alargamento de trechos da orla itapoense.
O edital da licitação foi lançado em março pelo Porto de São Francisco do Sul e prevê a abertura das propostas no começo de julho. A empresa escolhida terá até três meses para entregar o projeto executivo, ou seja, o conjunto de documentos técnicos que detalham como a obra será executada. A expectativa é que os trabalhos comecem ainda em 2025, conforme afirmou o presidente do porto, Cleverton Vieira, durante reunião na Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC).
A obra vai retirar cerca de 12 milhões de metros cúbicos de sedimentos do fundo do mar. Esse volume equivale a quase 500 mil caminhões de grande porte carregados de areia, lama e outros materiais acumulados com o tempo.
A dragagem será feita no canal que dá acesso aos portos de São Francisco do Sul e Itapoá. Com as melhorias, o calado, que é a profundidade que os navios podem atingir sem risco de encalhar, passará de 14 para 16 metros, e a largura do canal será ampliada de 160 para 260 metros. Assim, será possível receber navios cargueiros de até 366 metros de comprimento, maiores que a Torre Eiffel deitada.
A obra está orçada em R$ 324 milhões e será custeada inicialmente pelo Porto Itapoá, com recursos próprios. Embora o canal beneficie também o Porto de São Francisco do Sul, o ressarcimento ocorrerá de forma gradual, por meio das tarifas cobradas dos navios que utilizarem o canal, inclusive os que atracam em São Francisco.
De acordo com a direção dos portos, esse modelo de cooperação é inédito no Brasil, já que, normalmente, obras dessa natureza são financiadas diretamente por portos públicos ou com apoio governamental.
Cerca de 6,4 milhões de metros cúbicos de areia e sedimentos, retirados do fundo do mar, vão reforçar a faixa de areia das praias de Figueira do Pontal, Pontal do Norte e Princesa do Mar. Será a primeira vez no Brasil que esse tipo de reaproveitamento, feito a partir de uma dragagem portuária, será aplicado em áreas costeiras.
A Prefeitura de Itapoá classifica a obra como o maior alargamento de praia já licenciado no país, considerando tanto o volume de sedimentos movimentado quanto a extensão das praias beneficiadas. Com essa iniciativa, Itapoá não apenas prepara sua costa para receber navios maiores, como também conquista o maior alargamento de praia já licenciado no Brasil, considerado um marco histórico tanto em engenharia quanto em recuperação ambiental