Yasmin Vitória, de 18 anos, foi assassinada a tiros em Itapoá. Exames periciais mostram que o crime tem ligação com outro homicídio no Paraná, ocorrido meses antes.
Cinco meses separam os crimes. Um aconteceu no Paraná, o outro no litoral norte de Santa Catarina. Até então, nenhuma ligação aparente. Mas uma análise recente da Polícia Científica revelou um detalhe que mudou tudo: a arma usada para matar Yasmin Vitória, de 18 anos, em Itapoá, é a mesma que tirou a vida de Gustavo Sutil Geremias, de 26, em Guarapuava.
A conexão entre os dois crimes só foi possível por meio do Banco Nacional de Perfis Balísticos, mantido pelo SINAB, o Sistema Nacional de Análise Balística. A ferramenta permite cruzar dados de projéteis e cápsulas recolhidos em cenas de crime em todo o país. Foi a primeira vez que Santa Catarina conseguiu cruzar dados com outro estado usando o sistema nacional.
Mesmo sem a apreensão da arma ou identificação de suspeitos, as marcas deixadas pelos tiros foram suficientes para estabelecer a relação entre os crimes. A análise foi feita no laboratório balístico da Polícia Científica em Joinville, que atua desde a triagem dos vestígios até a comparação detalhada das evidências com auxílio de microscópio.
A perita-geral da Polícia Científica de Santa Catarina, Andressa Boer Fronza, destacou que o resultado reforça a importância do uso de tecnologia e da cooperação entre estados.
Segundo ela, a integração entre os sistemas, a eficácia do SINAB e o trabalho técnico das equipes periciais têm sido fundamentais para garantir justiça e segurança. Ela também ressaltou que o trabalho da Polícia Científica tem papel decisivo no fato de Santa Catarina ser hoje considerada o estado mais seguro do país.
Relembre os crimes conectados
O primeiro crime aconteceu em 1º de novembro de 2024, em Guarapuava, no Paraná. Gustavo Sutil Geremias foi encontrado morto dentro de uma casa no bairro Industrial, com vários tiros nas costas. A Polícia Militar chegou ao local após ser acionada e encontrou o corpo caído no interior da residência. O caso segue em investigação.
Meses depois, em 2 de abril de 2025, Itapoá amanheceu com a notícia de mais um crime brutal. Yasmin Vitória, de 18 anos, foi morta a tiros dentro de um Fiat Pálio no Balneário Paese, próximo a um supermercado. O carro foi perfurado por mais de 15 tiros, de acordo com registros e imagens compartilhadas nas redes sociais.
Yasmin era natural de Pernambuco e, segundo a Polícia Militar, possuía antecedentes por tráfico de drogas. Até hoje, a motivação do crime não foi confirmada, e a identidade dos autores permanece desconhecida. Na época, o caso chocou moradores e reacendeu alertas sobre a violência ligada ao tráfico na região.
Luto
No dia seguinte ao crime, Yasmin foi velada na capela mortuária do próprio bairro. Amigos e familiares prestaram homenagens à jovem nas redes sociais.
A forma como o crime aconteceu, a idade da vítima e a falta de respostas abalaram os moradores do bairro. Com a confirmação da ligação entre os dois homicídios, a investigação ganha um novo rumo. A expectativa é que a conexão entre os casos ajude a esclarecer os fatos e a identificar os responsáveis.