Durante a sessão da Câmara de Vereadores de Itapoá, no dia 16 de junho, a vereadora Jéssica Lemonie (PL) pediu que o livro Capitães da Areia, de Jorge Amado, fosse retirado do material didático das escolas da rede municipal. A solicitação foi feita em plenário, de forma pública e registrada em vídeo.
Na justificativa apresentada, a vereadora disse que o livro, publicado originalmente em 1937, traz temas que seriam inadequados para estudantes de 12 e 13 anos. Segundo ela, trechos que abordam violência e sexualidade exigiriam mais maturidade por parte dos alunos. Jéssica também afirmou que sua posição não representa um ato de censura, mas sim uma forma de proteger crianças e adolescentes. Por fim, demonstrou preocupação com o que chamou de viés ideológico na obra e na trajetória do autor Jorge Amado.
Até o momento, a Secretaria Municipal de Educação não se manifestou oficialmente sobre o pedido da vereadora. Também não há registro de que o tema tenha sido discutido ou votado formalmente pelos demais parlamentares.
Sobre a obra
Capitães da Areia é um dos livros mais conhecidos do escritor Jorge Amado (1912–2001). O romance narra a história de um grupo de meninos em situação de rua na cidade de Salvador, na década de 1930. Através das trajetórias dos personagens, a obra aborda temas como abandono, desigualdade social, amizade e sobrevivência. Por sua relevância literária e histórica, a obra costuma aparecer em vestibulares e faz parte de programas educacionais em diversas escolas do país.
Ao longo das décadas, o livro foi traduzido para dezenas de idiomas e adaptado para teatro e cinema. Embora contenha passagens densas, como é comum na literatura realista da época, a obra é amplamente reconhecida por promover reflexão crítica e empatia em torno das questões sociais enfrentadas por crianças em situação de vulnerabilidade social.
Debates e repercussão
A proposta da vereadora gerou debates nas redes sociais e também entre educadores. Algumas manifestações públicas defenderam a permanência do livro no currículo escolar, destacando que obras como Capitães da Areia ajudam os jovens a entender realidades sociais complexas, especialmente quando a leitura é acompanhada de orientação pedagógica e discussões em sala de aula.
Por outro lado, também houve quem apoiasse a ideia de que certos conteúdos devem ser avaliados com mais cuidado, considerando a maturidade dos estudantes e os objetivos pedagógicos de cada escola.