Substância usada no tratamento de picadas de jararaca foi aplicada no lugar da vacina contra hepatite B
Um erro na aplicação de medicamentos causou preocupação em Canoinhas, no Planalto Norte de Santa Catarina, região do interior do estado próxima à divisa com o Paraná. Onze recém-nascidos receberam, por engano, uma dose de soro antiofídico, usado no tratamento contra picadas de cobras como a jararaca, no lugar da vacina contra hepatite B. O caso aconteceu entre os dias 9 e 11 de julho, no Hospital Santa Cruz, e veio à tona nesta terça-feira (15).
A dose aplicada foi de 0,5 ml, uma quantidade muito menor do que a utilizada em casos reais de picada de cobra. Segundo o hospital, quando um paciente é picado por jararaca, a dose recomendada varia entre 30 e 120 ml, dependendo da gravidade dos sintomas. Por isso, a instituição informou que não há risco de reações adversas graves nos bebês.
O soro antiofídico é produzido pelo Instituto Butantan e tem a função de neutralizar o veneno de cobras do gênero Bothrops, como jararaca, jararacuçu e urutu. O veneno dessas serpentes pode causar inchaço intenso, sangramentos internos e lesões nos tecidos, especialmente na região da picada.
Em casos mais graves, pode haver necrose, quando o veneno destrói células da pele e do músculo, levando à morte daquela parte do corpo. Também há risco de insuficiência renal, uma condição em que os rins deixam de filtrar o sangue corretamente, fazendo com que substâncias tóxicas se acumulem no organismo. O soro é essencial para impedir esse avanço e proteger a vida da pessoa picada.
O que dizem o hospital e a prefeitura
A Prefeitura de Canoinhas informou que foi notificada sobre o erro na segunda-feira (14). Embora o hospital envolvido não faça parte da rede municipal, ele recebe recursos do SUS para prestar atendimento à população. A prefeita Juliana Maciel declarou que a administração contratou uma auditoria externa para fiscalizar a gestão do Hospital Santa Cruz.
O Hospital, por sua vez, confirmou que o erro foi identificado no dia 11 de julho e que o caso está sendo apurado por meio de uma sindicância interna, que é uma investigação conduzida dentro da própria instituição para entender o que aconteceu e responsabilizar eventuais envolvidos.
Desde o ocorrido, o hospital informou que tem oferecido assistência integral às famílias e mantém o monitoramento contínuo dos bebês, com o apoio de uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais de diferentes áreas da saúde que acompanham os recém-nascidos de forma conjunta.
A boa notícia é que, até o momento, nenhum dos bebês precisou ser internado e todos seguem estáveis, sob acompanhamento da equipe médica.