A manhã desta segunda-feira (7) foi marcada por uma cena rara e emocionante em Itapoá, no Litoral Norte de Santa Catarina. Uma baleia-franca-austral apareceu bem próxima à costa, acompanhada de seu filhote, na região da Barra do Saí. O encontro encantou moradores e visitantes, que registraram o momento em vídeos compartilhados nas redes sociais. Nas imagens, é possível ver os dois nadando com leveza em meio às ondas.
A aparição aconteceu durante a temporada de baleias-franca no Brasil, que vai de julho a novembro. Neste ano, no entanto, os primeiros avistamentos começaram ainda em maio. O litoral catarinense está entre as principais áreas de reprodução da espécie, que migra da Antártica para as águas brasileiras para dar à luz e cuidar dos filhotes nos primeiros meses de vida.
Segundo Karina Groch, diretora de pesquisa do Projeto Franca Austral, vinculado ao Instituto Australis, as baleias adultas não se alimentam durante o período em que permanecem no Brasil. A fêmea armazena energia em forma de gordura enquanto se alimenta na Antártica e utiliza essa reserva para parir, amamentar e cuidar do filhote até o retorno às águas geladas.
Ao nascer, os filhotes precisam desenvolver rapidamente habilidades básicas para sobreviver. Segundo Karina, no início eles ainda são desajeitados e precisam aprender a nadar, respirar na superfície e se manter próximos da mãe. Nesse processo de aprendizado, é comum que saltem ou movimentem as nadadeiras com frequência. Durante esse período, mãe e filhote podem permanecer por vários dias na mesma enseada.
A baleia avistada em Itapoá é da espécie Eubalaena australis, conhecida como baleia-franca-austral. No passado, foi intensamente caçada e, por isso, ainda é considerada ameaçada de extinção. A recuperação da população ocorre de forma lenta, já que a espécie tem um ciclo de vida longo e uma reprodução mais demorada.
Por isso, existem regras específicas para garantir a segurança das baleias durante a temporada reprodutiva. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) estabelece normas claras sobre a aproximação de embarcações. A portaria nº 117, por exemplo, proíbe a observação de baleias a partir de barcos em algumas áreas protegidas e orienta que, em outras regiões, as embarcações mantenham distância segura e reduzam a velocidade ao avistar os animais.
A observação aérea, feita com drones ou aeronaves, também deve seguir limites, como a altitude mínima de 100 metros. Além disso, é proibido nadar em direção às baleias ou lançar objetos na água. O objetivo dessas regras é garantir que a mãe e o filhote possam cumprir esse importante ciclo reprodutivo com tranquilidade e segurança.
A presença da baleia-franca em Itapoá é mais do que um espetáculo da natureza. É também um lembrete sobre a importância de proteger o ambiente marinho e garantir que as futuras gerações continuem tendo o privilégio de presenciar encontros como esse.
Se avistar uma baleia, mantenha distância, respeite as normas e ajude a preservar.