Um estudo conduzido pelo ICMBio propõe a criação do Parque Nacional Araçatuba–Quiriri, uma nova unidade de conservação que pode abranger cerca de 32 mil hectares entre Santa Catarina e Paraná.
A área inclui regiões de Garuva, Campo Alegre e Joinville, além de Guaratuba e Tijucas do Sul, no estado vizinho.
Garuva seria o município mais impactado pela proposta, com cerca de 18,4 mil hectares, o equivalente a 37% do território, inseridos no traçado preliminar do parque.
Os estudos identificaram 23 atrativos naturais dentro da área sugerida, incluindo cachoeiras, trilhas famosas como a do Monte Crista, espaços para campismo e regiões de mata preservada.
Três comunidades próximas, Postinho, Cubatão e Ponte Alta, também aparecem no levantamento inicial como áreas vizinhas ao futuro parque.
Objetivo é preservar nascentes e ampliar proteção da Serra do Mar
A proposta foi desenvolvida pelos deputados Marquito (PSOL-SC) e Goura Nataraj (PDT-PR), com apoio do Ministério do Meio Ambiente.
O principal foco é ampliar a proteção das nascentes que abastecem cidades da região e preservar ecossistemas sensíveis da Serra do Mar, que reúne campos de altitude, áreas de floresta densa e uma biodiversidade pouco estudada.
O plano também prevê reforço na segurança hídrica, monitoramento das áreas preservadas e incentivo ao turismo sustentável. De acordo com o ICMBio, ainda não há prazo para finalização dos estudos, iniciados em novembro de 2025.
Prefeitura de Joinville e parlamentares demonstram oposição
O anúncio do projeto gerou reação imediata em autoridades catarinenses. Em ofício enviado ao ICMBio, o prefeito de Joinville, Adriano Silva, e o secretário municipal de Meio Ambiente, Fábio Jovita, manifestaram preocupação com possíveis restrições a atividades já permitidas hoje, além de impactos sobre o desenvolvimento urbano e conflitos com unidades de conservação existentes, como a APA Serra Dona Francisca.
O vereador Wilian Tonezi (PL) também criticou a proposta, afirmando que comunidades tradicionais do Quiriri poderiam ser afetadas por limitações territoriais. A Comissão de Urbanismo da cidade convocou o ICMBio para prestar esclarecimentos.
Na Alesc, o deputado Matheus Cadorin (Novo) se posicionou contra o projeto, citando riscos para agricultores, empreendedores locais e possíveis inseguranças jurídicas no processo.
Audiência pública marcada e debate sobre fake news
Para discutir o tema com a comunidade, a Câmara de Joinville agendou uma audiência pública para 15 de dezembro, das 19h30 às 21h30, na Sociedade Rio da Prata, em Pirabeiraba.
Ao mesmo tempo, o deputado Goura afirma que circulam fake news envolvendo o projeto, como supostas remoções de moradores ou demolições de casas. Segundo ele, o processo é transparente e inclui participação social, além de estudos técnicos destinados a conciliar preservação e realidade local.
A assessoria do parlamentar destaca que a criação de um parque nacional segue critérios rigorosos e prevê diálogo com todos os setores envolvidos.











