O início do verão em Santa Catarina tem sido acompanhado por um aumento significativo na presença de águas-vivas ao longo do litoral. Registros feitos neste domingo (21) apontam ocorrências em diferentes regiões do Estado, com dezenas de atendimentos a banhistas e alertas emitidos por especialistas e equipes de resgate.
Um dos casos que chamou atenção ocorreu em Imbituba, no Sul catarinense. O professor Alberto Lindner, responsável pelo Laboratório de Biodiversidade Marinha da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), relatou ter observado mais de 30 águas-vivas em um trecho aproximado de um quilômetro de praia. O alerta foi divulgado nas redes sociais logo nas primeiras horas do dia.
Situações semelhantes também foram registradas em outras cidades. Na Praia da Joaquina, em Florianópolis, uma banhista gravou imagens mostrando a presença de várias águas-vivas próximas à faixa de areia. Em Palhoça, uma criança sofreu uma lesão provocada por água-viva na Praia Ponta do Papagaio e precisou ser encaminhada para atendimento médico em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), localizada a cerca de 500 metros do local.
Ocorrências no Norte do Estado
No Litoral Norte, o cenário também exigiu atenção das autoridades. Aqui em Itapoá, foram contabilizadas mais de 30 ocorrências relacionadas a águas-vivas até as 17h. Balneário Barra do Sul registrou cerca de 20 casos, enquanto Penha e Itajaí também tiveram atendimentos ao longo do dia, tanto pela manhã quanto no período da tarde.
Espécies mais comuns neste período
Segundo o professor Lindner, o aumento da presença de águas-vivas é um fenômeno esperado nesta época do ano. A espécie mais frequente no momento é a Chrysaora lactea, conhecida por causar a maioria dos acidentes com banhistas. O contato com seus tentáculos costuma provocar vermelhidão, ardência e inchaço na pele.
O especialista explica que, neste início de temporada, a quantidade observada tem sido maior do que nos dois últimos anos. Ainda não é possível afirmar se o fenômeno irá se manter ao longo de janeiro, mas o alerta permanece.
Além da Chrysaora lactea, há registros de outras espécies no litoral catarinense. A Tamoya haplonema é menos comum, porém provoca dor intensa ao contato. Já a Lychnorhiza lucerna raramente está associada a acidentes. A mais perigosa é a Physalia physalis, conhecida como caravela-portuguesa, cujo veneno pode causar lesões mais graves e exige atenção redobrada.
Quais são os riscos para os banhistas?
Apesar de popularmente chamadas de “queimaduras”, as lesões provocadas por águas-vivas não são térmicas. O que ocorre é uma reação química na pele, causada pela liberação de toxinas através de células especializadas chamadas cnidócitos. Essas toxinas podem gerar dor intensa, vermelhidão, inchaço e, em situações mais raras, náusea e dificuldade respiratória.
O que fazer em caso de contato com água-viva
As orientações das equipes de salvamento e especialistas são claras:
Ao sentir ardência ou visualizar uma água-viva, saia imediatamente do mar.
Procure o posto de guarda-vidas mais próximo.
Não utilize água doce, urina ou qualquer outro líquido caseiro sobre a lesão.
Lave o local apenas com água do mar.
Solicite a aplicação de vinagre no posto de guarda-vidas, método comprovado para aliviar os sintomas.
O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina sinaliza áreas com presença de águas-vivas por meio de bandeiras lilás. Além disso, o aplicativo CBMSC Cidadão, disponível para Android e iOS, informa em tempo real as praias com alertas ativos. Caso encontre uma água-viva morta na areia, a recomendação é não se aproximar, pois os tentáculos ainda podem causar lesões.











