O projeto de alargamento da faixa de areia de Itapoá segue em ritmo acelerado e já alcança 3,2 quilômetros de praia recuperada, quase toda a extensão da orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, que possui cerca de 4 km.
A intervenção integra a maior obra desse tipo em andamento no Brasil e prevê, ao todo, 8 km de recomposição da orla no Litoral Norte catarinense.
Segundo o monitoramento técnico da operação, 2,08 milhões de metros cúbicos de sedimentos já foram depositados na faixa de areia, o que representa 36% da execução. No total, o projeto prevê o uso de 5,8 milhões de metros cúbicos.
Sedimentos aproveitados da dragagem da Baía da Babitonga
Os materiais utilizados no alargamento vêm da dragagem do canal de acesso à Baía da Babitonga. Pela primeira vez no Brasil, sedimentos retirados de uma dragagem portuária estão sendo reaproveitados para a recuperação de uma praia.
De acordo com os responsáveis pela obra, o reaproveitamento traz ganhos ambientais, logísticos e operacionais, além de reduzir o descarte de material no mar. Parte dos sedimentos é destinada à orla de Itapoá; o restante, aproximadamente 6 milhões de metros cúbicos, segue para uma área de descarte autorizada pelo Ibama, em alto mar, conhecida como “bota-fora”.
Investimento de R$ 333 milhões e parceria regional
O trabalho faz parte de uma parceria público-privada entre os portos de São Francisco do Sul e Itapoá. Com investimento estimado em R$333 milhões, o projeto também tem impacto direto na infraestrutura portuária da região.
A dragagem ampliará a profundidade do canal de acesso de 14 para 16 metros, permitindo a atracação de navios de até 366 metros de comprimento. Com isso, a Baía da Babitonga poderá se tornar o primeiro complexo portuário do país apto a receber embarcações desse porte com carga máxima.
Guilherme Medeiros, diretor de Operações do Porto de São Francisco, explicou que o reaproveitamento dos sedimentos para uma obra de recuperação de praia é algo ainda não realizado no Brasil, destacando o caráter inédito da iniciativa.
A draga Galileo Galilei no litoral catarinense
A operação utiliza a draga Galileo Galilei, embarcação construída em 2020 na China e famosa por atuar no alargamento da Praia Central de Balneário Camboriú. De bandeira de Luxemburgo, ela já percorreu outros pontos do litoral brasileiro e agora opera em Itapoá.
A Galileo Galilei é um tipo de draga de sucção com autotransporte: um tubo instalado no fundo do mar suga a mistura de água e solo, armazenando o material no hopper, compartimento interno com capacidade para 18 mil metros cúbicos. A areia é então levada até tubulações instaladas na praia para ser distribuída ao longo da orla.
Até agora, segundo o monitoramento, a embarcação realizou 265 ciclos de operação. A previsão de conclusão do alargamento é para o segundo semestre de 2026.
Fonte: ND










