A ordem de serviço que marca o início do aprofundamento do canal de acesso ao Complexo Portuário da Baía da Babitonga foi assinada no Porto de São Francisco do Sul. O projeto prevê o aumento do calado de 14 para 16 metros, permitindo a chegada de navios maiores e trazendo ganhos em logística e competitividade.
A cerimônia contou com a presença do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, do secretário estadual de Portos, Aeroportos e Ferrovias, Beto Martins, além de autoridades locais.
A obra será executada pela empresa belga Jan De Nul e representa um investimento total de R$ 324 milhões. A draga Galileo Galilei, que será utilizada nos trabalhos, tem chegada prevista até dezembro, com possibilidade de antecipação para novembro, caso sejam cumpridas as condicionantes ambientais da licença de instalação. A conclusão está estimada para o segundo semestre de 2026.
Parceria inédita entre porto público e terminal privado
O financiamento combina recursos do Porto de São Francisco do Sul, no valor de R$ 24 milhões, e do Terminal de Itapoá, que investirá R$ 300 milhões, dentro do modelo de Parceria Público-Privada (PPP).
O aporte privado será ressarcido de forma parcelada até dezembro de 2037, com base no adicional de tarifas gerado pelo aumento de escalas e da carga movimentada após o aprofundamento.

O que muda para a economia e a navegação
Com o canal mais profundo e largo, o complexo passa a acompanhar a tendência global de frotas com navios de maior porte.
De acordo com o governo do Estado, o aumento da capacidade coloca Santa Catarina em um novo patamar de competitividade no comércio exterior, com reflexos diretos no frete, na frequência de linhas e na geração de empregos na cadeia portuária e logística.
Sedimentos vão ampliar a faixa de areia de Itapoá
Um dos diferenciais do projeto está no destino do material dragado. A estimativa é remover cerca de 12,5 milhões de metros cúbicos de areia, volume equivalente a quase cinco mil piscinas olímpicas cheias.
Metade desse material será destinada ao engordamento da faixa de areia de Itapoá, que sofre com processos erosivos, ou seja, o desgaste natural provocado pela ação do mar e do vento, que aos poucos reduzem a largura da praia. No total, serão beneficiados aproximadamente 8 quilômetros de orla. Esta é a primeira iniciativa no Brasil, e uma das poucas no mundo, a direcionar sedimentos de dragagem portuária para o alargamento de praia.
Impacto local
Para Itapoá, os efeitos são duplos. No mar, a expectativa é de mais segurança e regularidade na operação de grandes navios no terminal. Na costa, o reforço de areia deve ampliar a proteção da avenida litorânea e das estruturas urbanas, além de valorizar o uso público da praia durante a alta temporada.