A temporada migratória de 2025 dos pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) chegou ao fim no litoral norte catarinense. O último registro foi feito no dia 25 de novembro, quando um indivíduo apareceu morto na Praia Grande, em São Francisco do Sul.
O fechamento do período confirmou um cenário que chamou atenção dos pesquisadores: o maior número de encalhes da espécie desde o início do PMP-BS/Univille, há dez anos.
Ao longo de cinco meses de monitoramento, mais de 2.400 pinguins foram encontrados nas praias da região, 98,3% já sem vida. O mês de agosto concentrou a maior ocorrência, com mais de 1.600 animais recolhidos, o equivalente a 60% do total.
Apesar dos números elevados, a equipe do Projeto de Monitoramento de Praias (PMP-BS) explica que o fenômeno está dentro do padrão observado na última década. Todos os anos, os pinguins deixam suas colônias na Patagônia argentina e avançam em direção ao litoral brasileiro, onde muitos acabam exaustos ou debilitados durante o trajeto.
A médica veterinária Giulia G. Lemos, do PMP-BS/Univille, explicou que poucas aves foram encontradas com vida, apenas 42 indivíduos. Ela relata que muitos animais chegaram extremamente debilitados, com desgaste físico e metabólico típico do período de migração.
Segundo a profissional, diversos apresentavam parasitismo pulmonar e infecções respiratórias severas, o que acabou inviabilizando a recuperação e resultou em uma taxa de reabilitação bem abaixo da registrada em anos anteriores.
Diante do alto volume de encalhes, a equipe executou uma força-tarefa que envolveu técnicos, estagiários e profissionais de diferentes áreas. Em dias mais críticos, as carcaças eram recolhidas e encaminhadas ao laboratório, onde passaram por análise, biometria e registro fotográfico. O trabalho, exaustivo e contínuo, permitiu levantar dados essenciais para compreensão da saúde da espécie e dos impactos ambientais associados.
O PMP-BS é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, para monitorar possíveis impactos das atividades da Petrobras na Bacia de Santos, especialmente a produção e o escoamento de petróleo e gás natural. O projeto atua em toda a faixa costeira, identificando e acompanhando encalhes de tartarugas marinhas, aves e mamíferos aquáticos.
Fonte: Resgate Marinho Univille











