Itapoá está entre as cidades com maior proporção de moradores vindos de fora, segundo o Censo 2022
Pela primeira vez desde 1991, o Estado de São Paulo deixou de liderar a lista de destinos mais procurados por migrantes no Brasil. O novo campeão é Santa Catarina, que teve o maior saldo migratório positivo do país entre 2017 e 2022. No período, mais de 362 mil pessoas passaram a viver no estado, e Itapoá tem sido um dos destinos escolhidos por quem busca uma nova vida no litoral catarinense.
Segundo o Censo de 2022, um em cada quatro habitantes de Itapoá veio de outro lugar. Entre os pouco mais de 30 mil moradores, cerca de 7.400 são migrantes, o que coloca o município entre as cidades com maior proporção de novos residentes em todo o país.
Atraídas pelas praias tranquilas, pela segurança e pelo senso de comunidade, muitas pessoas têm deixado os grandes centros urbanos para viver em Itapoá. Embora cidades maiores como Joinville e Itajaí também tenham se destacado, o levantamento do IBGE mostra que o movimento migratório não se limita às capitais. Ele vem ganhando força no Litoral Norte catarinense, onde qualidade de vida, natureza e novas oportunidades caminham juntas.
O que explica esse movimento?
Especialistas apontam que o crescimento da agroindústria, a valorização do mercado imobiliário e a possibilidade de trabalhar de forma remota têm impulsionado a migração para o Sul e o Centro-Oeste do país. A saída de grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, está ligada à busca por mais segurança, custo de vida mais acessível e uma vida com mais qualidade.
Muitas famílias têm deixado para trás a rotina acelerada das metrópoles em busca de cidades menores, onde é possível caminhar até a praia, adotar novos hábitos e começar de novo. Em Itapoá, esse perfil tem se tornado cada vez mais comum. Aposentados, trabalhadores remotos, pequenos empreendedores e famílias inteiras se espalham por bairros como Itapema do Norte, Barra do Saí e Pontal.
O caso de Itapoá
Além do turismo e da tranquilidade, outro fator que atrai novos moradores é o crescimento da economia local. Com um terminal portuário em posição estratégica, Itapoá vem gerando mais empregos, principalmente nos setores logístico, imobiliário e de serviços. Esse movimento tem aquecido o comércio e impulsionado a construção civil.
E o movimento migratório não vem só do Sudeste. Segundo o novo Censo, cresce o número de pessoas que chegam do Pará, que já representam quase 9% dos novos moradores de Santa Catarina. Em décadas anteriores, a maioria dos migrantes vinha do Nordeste. Hoje, esse perfil é mais diverso e espalhado pelo país.
Para quem vive em Itapoá há mais tempo, a mudança salta aos olhos. Novas famílias chegam, os sotaques se misturam e os bairros ganham vida. A cidade continua crescendo, mas sem perder sua essência de comunidade pequena e acolhedora.
De polo industrial a polo de vida
O jornalismo local tem acompanhado histórias como a da empresária que trocou o interior paulista pela calmaria de Itapoá, e a do aposentado que veio de Curitiba e diz ter redescoberto a saúde depois de começar a caminhar todos os dias na praia. Relatos assim se espalham pelas conversas entre vizinhos, no mercado, na farmácia, na padaria.
A migração tem transformado o Brasil, e Itapoá também sente essa mudança. O desafio agora é crescer com planejamento, estrutura e acolhimento. Para muita gente que chega, a cidade deixou de ser só um lugar de férias e passou a ser o lugar onde a vida recomeça.