Um pinguim-de-Magalhães foi resgatado na manhã de quarta-feira (30) na Praia da Primeira Pedra, em Itapoá, após ser encontrado fraco e sem conseguir retornar ao mar com a mudança da maré.
O animal foi avistado por um morador que caminhava pela orla por volta das 8h30 e acionou a equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), uma iniciativa ambiental coordenada pela Univille, universidade responsável pela execução do projeto na região.
Segundo os profissionais do projeto, o pinguim apresentava sinais de fraqueza intensa, com a parte interna do bico muito esbranquiçada e secreção avermelhada na garganta, indícios da chamada síndrome de caquexia, um quadro grave de desnutrição em animais marinhos.
Ele foi encaminhado à unidade de estabilização da Univille, em São Francisco do Sul, que funciona como um pronto-socorro para animais marinhos em situação de risco, como pinguins e tartarugas debilitadas.
A veterinária Giulia G. Lemos, responsável pelo atendimento, explicou que o pinguim recebeu os primeiros cuidados emergenciais, com hidratação, alimentação adequada, aquecimento para estabilizar a temperatura corporal, além de inalações para facilitar a respiração e suporte com oxigênio.
Depois dessa fase inicial, o animal será levado para a unidade R3 Animal, em Florianópolis, que atua na reabilitação de espécies marinhas. Lá, o pinguim passará por um período de recuperação completa, com sessões em piscina e treinos de nado, até que esteja pronto para voltar ao seu habitat natural.
Temporada migratória favorece encalhes
Entre junho e setembro, é comum o aparecimento de pinguins nas praias de Santa Catarina. A espécie mais frequente é o pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus), originário da Patagônia Argentina e das Ilhas Malvinas. No inverno, muitos filhotes e jovens seguem a corrente das Malvinas em busca de cardumes de anchova, percorrendo grandes distâncias até chegar ao litoral Sul e Sudeste do Brasil.
Durante essa jornada, alguns pinguins acabam ficando debilitados, feridos ou presos em redes de pesca, o que faz com que encalhem em praias, como as de Itapoá. Situações assim reforçam a importância da colaboração da população no monitoramento e proteção dos animais marinhos que chegam ao nosso litoral.
Como agir em casos semelhantes?
Caso alguém encontre um animal marinho debilitado na praia, a orientação é não tentar tocar ou mover o animal e acionar imediatamente a equipe do Projeto de Monitoramento de Praias (PMP-BS). Em Itapoá e região, o atendimento é feito pela Univille, que conta com profissionais capacitados para realizar o resgate e prestar os cuidados necessários com segurança e responsabilidade.
O PMP‑BS (Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos) é parte de um conjunto de medidas exigidas pelo licenciamento ambiental federal, processo conduzido pelo Ibama para autorizar atividades na costa. No caso, trata-se de projetos da Petrobras na Bacia de Santos, área responsável pela exploração de petróleo e gás.
O projeto atua no litoral de estados como Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, e tem um papel importante na preservação das espécies marinhas, monitorando, resgatando e cuidando dos animais que chegam às praias.