Ave já havia sido resgatada duas vezes e pode ter morrido presa em rede de pesca
Um pinguim-de-magalhães foi encontrado morto nesta semana na Praia Deserta, na região da Barra do Saí, em Itapoá. O que mais chamou a atenção é que a ave usava um transmissor satelital, um tipo de rastreador que permite acompanhar a movimentação do animal por satélite, em tempo real.
Segundo os responsáveis pelo monitoramento, o pinguim havia sido resgatado, tratado e solto há menos de um mês, depois de encalhar pela segunda vez no litoral brasileiro.
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), que atua em todo o litoral entre o Rio de Janeiro e o sul de Santa Catarina, suspeita que o animal tenha se enroscado acidentalmente em uma rede de pesca.
A necropsia, exame que identifica a causa da morte, mostrou que era uma fêmea jovem, bastante magra e com sinais compatíveis com captura acidental. Um detalhe chamou atenção: o rastreador havia sido retirado da parte de cima do corpo do pinguim, o que levanta a possibilidade de que alguém tenha mexido no animal depois que ele já estava morto.
A trajetória desse pinguim já vinha sendo acompanhada de perto por pesquisadores. Ele apareceu pela primeira vez em 2024, encalhado em Angra dos Reis (RJ), e depois novamente em janeiro de 2025, na Ilha do Mel (PR). Nos dois casos, foi encontrado vivo, mas debilitado, precisando de cuidados. Depois do segundo resgate, passou por um período de recuperação e foi solto no mar com um rastreador, para que fosse possível acompanhar seus movimentos e entender melhor o comportamento da espécie.
O rastreador foi colocado por um pesquisador da Aberystwyth University, no Reino Unido, em parceria com a Associação R3 Animal, que atua no resgate e reabilitação de animais marinhos. Já o registro do caso foi feito pela equipe da Univille, responsável por monitorar as praias da região como parte de um projeto que acompanha a fauna marinha em todo o litoral sul do Brasil.
A morte do pinguim é mais um lembrete de como o mar e os animais que vivem nele acabam sofrendo com o que a gente faz por aqui. Cuidar da vida marinha é também cuidar do lugar onde a gente vive.